O secretário de Cultura Wanderley Peres visitou, na última semana, a Casa de José de Alencar, em Messejana, no Ceará, onde o escritor ambientou o consagrado romance Iracema. Recebido pelo diretor Leandro Bulhões, Wanderley percorreu todo o espaço, auxiliado pela mediadora Teresa Ribeiro e a museóloga Márcia Pereira, conhecendo o importante centro cultural, na avenida Washington Soares, 6055. O bem histórico pertence à Universidade Federal do Ceará e é um sítio histórico da literatura nacional, onde nasceu o maior romancista brasileiro, em 1829.
A motivação da visita a Fortaleza foi a busca de intercâmbio e experiências para a criação de espaço cultural similar em Teresópolis, às margens do Rio Paquequer, em propriedade que já pertence ao município e definida pelo Prefeito Leonardo Vasconcellos. “A casa de José de Alencar vai fomentar o turismo e ampliar o conhecimento do teresopolitano, especialmente as crianças, porque o projeto é também voltado à Educação”, pontuou o Prefeito.
Projeto de interesse cultural e grande apelo turístico, a casa terá como tema outro relevante romance do escritor, O Guarani, publicado em folhetim entre janeiro e maio de 1857 e que, segundo o historiador Wanderley Peres, foi ambientado nas terras onde se formou o município.
“De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal. É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito”, começa o romance José de Alencar.
“Existe um desinteresse pelo fato histórico. Mas, não há dúvida quanto ao romance O Guarani ter sido ambientado nas terras de Teresópolis. Não bastasse a afirmação cristalina no início do livro, no final dele o autor ainda observa em Notas a que rio Paquequer ele se refere, textualmente o nosso, conforme descreveu autor que o romancista cita”, explica Wanderley. O secretário de Cultura já definiu, inclusive, as características do equipamento cultural em esboço. “Enquanto Messejana cultua o filho ilustre e a obra Iracema, que se passa em terra cearense, a Casa de José de Alencar em Teresópolis terá o foco no livro O Guarani, lembrando o indígena brasileiro e o contexto da nossa região no tempo em que o romance foi escrito”, relata.
A Casa
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional, a Casa de José de Alencar, em Messejana, existe desde 1964, quando a casa grande já havia sido demolida e as únicas edificações que restavam eram a casinha e as ruínas do primeiro engenho a vapor do Ceará, na propriedade do pai do escritor, senador José Martiniano de Alencar. O equipamento de extensão acadêmica e de incentivo à produção literária cearense não se resume, no entanto, à casinha que resistiu ao tempo. A Universidade que a administra construiu um prédio, projeto assinado por Liberal de Castro, para ser a sede administrativa e abrigar salas de exposição e instalações para receber escritores, artistas e autoridades, além de salas de aula. Neste prédio de construção mais recente, em estilo colonial, ficam as áreas de exposição: o museu Arthur Ramos, coleção de rendas de bilro Luiza Ramos, a Pinacoteca Floriano Teixeira e o Salão Iracema Descartes Gadelha.
Espaço de referência nas áreas de educação, cultura, turismo e lazer na cidade de Fortaleza, a Casa de José de Alencar promove a cidadania através de ações educativas, culturais e inclusivas, democratizando o acesso ao lazer, ao conhecimento e aos bens culturais, incentivando a preservação e a valorização da memória da vida e obra de José de Alencar.
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