‘Semana da Música’ segue nesta sexta, na Calçada da Fama

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A voz das ruas contra o preconceito

“MCs” Victor Santos e Bruno Paz, do Quilombo Cultural e Projeto Ponto de Luz, cantam a luta dos negros em Teresópolis, onde tiveram até prefeito eleito, e falam de preconceito. Dupla levou bom público à Calçada da Fama, na Semana da Música

“Todo poder ao povo, pra não acontecer de novo!/ Querem tomar posse, mas é nosso o poder!”. Os versos da música (ou “rap”, como quiserem chamar) com o sugestivo nome de “Levante” bem que podem ilustrar os tempos atuais no Brasil, onde o voto popular anda sendo substituído pelo de juízes e parlamentares — punições justas à corrupção e ao desvio de dinheiro público à parte, claro. Mas o que Bruno Paz cantava era a escravidão no Brasil e em Teresópolis, a importância do negro na cultura e na formação da cidade e a pouca atenção que se dá às manifestações populares, como ao “hip hop” do próprio Bruno e seu parceiro Victor Santos, que se apresentaram na Calçada da Fama, nesta quinta, 08, pelo projeto “Semana da Música”, da Prefeitura, através de sua Secretaria de Cultura. O secretário Márcio de Paula estava presente.

“A rua é onde as coisas e os encontros acontecem. Valorize a sua história. Valorize a sua cultura!”, diziam outros versos de uma canção da dupla que atraiu a atenção de curiosos como o violonista e compositor (e sorveteiro) Raul de Oliveira, habituée de outro projeto da secretaria, “Cultura de Raiz”, onde costuma se apresentar no primeiro domingo de cada mês (na Casa de Cultura Adolpho Bloch). “Gostei. É interessante”, confessou Raul.

Já o jovem Tike Wands, de 26 anos, é um fã declarado. “Dancei ‘break dance’ durante nove anos e quero voltar, porque acho iniciativas e projetos como esses deles (Bruno e Victor) de extrema importância. A cidade não dá atenção à cultura popular e negra”, disparou Wands.

Não é bem assim. O próprio Victor destacou três histórias que são contadas na exposição “O Indizível”, em cartaz na Casa da Memória Arthur Dalmasso (Praça Balthasar da Silveira, 91, Centro), da Prefeitura: a do primeiro prefeito negro do Brasil — Nestor Augusto Pinto, eleito em Teresópolis no ano de 1929 — e das escravas alforriadas Ignácia Alves, que se casou com o fundador da cidade, George March; e Maria Conga, que veio da África para a Bahia com 12 anos, foi vendida a um senhor da Região Serrana aos 18 e, alforriada por ele, teve grande influência com a população escrava “de Magé até onde hoje fica Além Paraíba”, contou Victor, lembrando que Conga era tida por alguns como uma mulher de poderes sobrenaturais, uma “feiticeira”. Quem disse que jovem e sua música não são também Cultura? Por sinal, Victor afirmou que, em Teresópolis, “há pelo menos oito grupos de hip hop”.

A “Semana da Música” continua nesta sexta, dia 9, com violão e voz de Roberto Müller e Jairzinho, e, no sábado, 10, com o 12º Encontro de Sanfoneiros, com cerca de 30 bambas do instrumento, apresentado e produzido pelo Professor Cândido Neto, também sanfoneiro. Os patrocinadores da Semana são muitos e bons: Cultura Inglesa; Unisporte; Pro Esporte; Supermercado Multi Market; Radiotec Eletrônica; Mestre Cuca Restaurante Self-Service; Studio Itália; Ótica Fama; Efeito Cinderela; Fundação Educacional Ciência e Desenvolvimento, através da Dra. Lúcia Rangel Janini; e Ejje Magazin. A produção é de Eliana Resende.

Texto: Ney Reis
Fotos: Ascom/PMT

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